Dinâmica agroecológica territorial: considerações sobre assentamentos brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.32358/rpd.2020.v6.480Palavras-chave:
sistema agroalimentar, agroecologia, assentamentos rurais, desenvolvimento territorial, alimentação, segurança nutricionalResumo
Objetivo: Neste artigo apresentamos experiências agroecológicas em assentamentos rurais no município de Rio Bonito do Iguaçu, Estado do Paraná, Brasil. Ao analisar os avanços e desafios dessas iniciativas, pretendemos destacar a necessidade de ações mais amplas, sistêmicas e multiescala em favor da construção de um sistema agroalimentar que promova a soberania alimentar e nutricional e a segurança das comunidades locais / regionais e, assim, contribua para a desenvolvimento dos territórios. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso baseado em entrevistas qualitativas semiestruturadas com famílias assentadas e entidades representativas. Resultados: Observamos que as práticas têm contribuído para a construção de uma consciência socioambiental, um manejo mais sustentável do solo, o aumento da agrobiodiversidade, a melhoria da saúde e da renda, bem como um maior acesso aos canais de comercialização. Limitação da pesquisa: Existem desafios e demandas quanto à capacitação em agroecologia, assistência técnica, apoio na organização de grupos de agricultores, financiamento, construção e consolidação de canais de comercialização para garantia de renda das famílias. Originalidade: Observou-se uma considerável mobilização de atores locais, que impactou a implantação de iniciativas agroecológicas, mas uma participação mais discreta de atores de outras escalas, o que limita a valorização de experiências como mecanismos de desenvolvimento territorial.Downloads
Referências
Altieri, M. (2009). Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. Porto Alegre, Editora da UFRGS, 5 ed.
Altieri, M. (2012) Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. 3.ed. ver. Ampl. São Paulo, Rio de Janeiro: Expressão Popular, AS-PTA, 2012. 400 p.
Andrioli, A. I., Fuchs, R. (2009). Transgênicos: As sementes do mal. A silenciosa contaminação de solos e alimentos. São Paulo, Expressão Popular, 2008, 280p. Crítica Marxista, São Paulo, Ed. Unesp, 29, 165-167.
Antunes, D. A; Muterlle, J. Cunha, L. A. G. (2011). A importância da agricultura familiar para a segurança alimentar. Curitiba: Jornada do Trabalho, 9.
Aquino, A. M. de; ASSIS, R. L. (2005). Agroecologia: princípios e técnicas para uma agricultura orgânica sustentável. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Seropédica, RJ: Embrapa Agrobiologia.
Balsan, R. (2006). Impactos decorrentes da modernização da agricultura brasileira. Campo-Território: revista de geografia agrária, 1(2), 123-151.
Becker, H.; Métodos de pesquisa em ciências sociais. 2ª Ed. São Paulo: Hucitec, 1994.
Belik, W. (2020). Um retrato do sistema alimentar brasileiro e suas contradições. Outubro de 2020. Ibirapitanga. Disponivel em: https://www.ibirapitanga.org.br/acervo/documentos/. Acesso em 20 de out. 2020.
Boeraeve, F., Dendoncker, N., Cornélis, J. T., Degrune, F., & Dufrêne, M. (2020). Contribution of agroecological farming systems to the delivery of ecosystem services. Journal of Environmental Management, 260, 109576. https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2019.109576
Boisier, S. (2001). Desarrollo (Local): ¿De que estamos hablando? In: MADOERY, Oscar; VÁZQUEZ BARQUERO, Antonio (Orgs.) Transformaciones Globales, Instituciones y Políticas de Desarrollo Local. Rosario: Homo Sapiens.
Boisier, Sergio et al. (1995). Sociedad civil, actores socielies y desarrollo regional. Santiago do Chile: Ilpes/Cepal.
Brandão, C. (2004). Teorias, estratégias e políticas regionais e urbanas recentes: anotações para uma agenda do desenvolvimento territorializado. Revista Paranaense de Desenvolvimento, 107, 57-76.
Caporal, F. R. (2009). Agroecologia: uma ciência do campo da complexidade. EMATER (DF).
Caporal, F. R.; Costabeber. J. A. (2004). Agroecologia: alguns conceitos e princípios. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA.
Cassol, A.; Schneider, S. (2015). Produção e consumo de alimentos: novas redes e atores, Lua Nova, 95, 143-177. https://doi.org/10.1590/0102-6445143-177/95
Costa Neto, C.P. L.; Canavesi, F. (2002). Sustentabilidade em assentamentos rurais. O MST rumo à "reforma agrária agroecológica" no Brasil?, 2002:
De’ Carli, C. (2013). O discurso político da agroecologia no MST: O caso do Assentamento 17 de Abril em Eldorado dos Carajás, Pará. Revista Crítica de Ciências Sociais, 100. https://doi.org/10.4000/rccs.5245
Dumont, A. M., Gasselin, P., & Baret, P. V. (2020). Transitions in agriculture: Three frameworks highlighting coexistence between a new agroecological configuration and an old, organic and conventional configuration of vegetable production in Wallonia (Belgium). Geoforum, 108, 98-109. https://doi.org/10.1016/j.geoforum.2019.11.018
Eduardo, M. F. (2016). Agroecologia e o processo de ativação de territorialidades camponesas. Revista NERA (UNESP), 19, 143-165.
Eduardo, M. F. (2014). Transformando Terra em Território: construção e dinâmica do sistema local territorial agroecológico em Francisco Beltrão, Paraná/ Márcio Freitas Eduardo. – Presidente Prudente: [s.n].
Facco, V. A. B. (2015). Alternativas aos impérios agroalimentares a partir do campesinato agroecológico: as experiências do acampamento agroflorestal José Lutzenberger (MST-Antonina/PR), Revista NERA, Presidente Prudente, 18(29), 70-100. https://doi.org/10.33026/peg.v16i0.3524
Fao (2020). Food and Agricultural Organization. The State of Food Security and Nutrition in the World 2020.
Fao. (2018) Food and Agriculture Organization of the United Nations. Representante da FAO Brasil apresenta cenário da demanda por alimentos.
Fao. (1996). Food and Agricultural Organization. Alimentação para todos. Roma.
Finlay, J., Esposito, M., Tang, S., Gomez-Lopez, I., Sylvers, D., Judd, S., & Clarke, P. (2020). Fast-food for thought: Retail food environments as resources for cognitive health and wellbeing among aging Americans? Health & Place, 64, 102379. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2020.102379
Gazolla, M. (2004). Agricultura familiar, segurança alimentar e políticas públicas: uma análise partir da produção para autoconsumo no território do Alto Uruguai/RS. 2004. 306 f. Dissertação (Mestrado Desenvolvimento Rural) – Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Gliessman, S. R. (1978). The establishment of bracken following fire in tropical habitats. Amercan Fern Journal. 68(2), 41-44. https://doi.org/10.2307/1546778
Gliessman, S. R. (2000). Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS.
Gliessman, S.R.; Garcia E. R.; Amador A. M. (1981). As bases ecológicas para a aplicação de tecnologia agrícola tradicional no manejo de agroecossistemas tropicais. Agro-Ecosystems, 7.
Grisa, C.; Gazolla, M.; Schneider S. (2010). “Produção invisível” na agricultura familiar: autoconsumo, segurança alimentar e políticas públicas de desenvolvimento rural. Agroalimentaria, Mérida, 16(31).
Guzman, E. S. (2007). Agroecología y soberanía alimentaria: alternativas a la globalización agroalimentaria. Patrimonio cultural en la nueva ruralidade, Ph Cuadernos, 191.
Haesbaert, R. (2004). O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Hoffmann, R. (2014). A agricultura familiar produz 70% dos alimentos consumidos no Brasil? Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 21 (1), 417-421. https://doi.org/10.20396/san.v21i1.1386
Ibge - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=8 > Acessado em 19 de dezembro de 2016.
Ibge - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Censo agro 2017. Disponível em: https://censos.ibge.gov.br/agro/2017>Acesso em: set. 2020.
Incra. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Assentamentos. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/assentamento>. Acesso em: mar/2017.
Linck, T. (2006). La economía y la política de la apropiación de los territorios. In: RIELLA, A. (Org.). Globalizacion, Desarrollo y Territorios Menos Favorecidos. Montevideo: Rosgal S.A., 2006.
Londres, F.; Von Der Weid, J. M. (2001). Transgênicos: implicações técnico-agronômicas, econômicas e sociais. Rio de Janeiro, AS-TPA, set. 2001. 29p.
Lopes, P. R.; Lopes, K. C. S. A. (2011). Sistemas de produção de base ecológica – a busca por um desenvolvimento rural sustentável, Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, Araraquara, 4(1).
Maas, L., Malvestiti, R., & Gontijo, L. A. (2020). O reflexo da ausência de políticas de incentivo à agricultura urbana orgânica: um estudo de caso em duas cidades no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 36, e00134319. https://doi.org/10.1590/0102-311x00134319
Maluf, Renato S. Jamil. (2007). Segurança Alimentar e Nutricional. Petrópolis: Vozes.
Mcneill, J.R. (2011). Algo nuevo bajo el sol. Historia medioambiental del mundo en el siglo XX. Madrid: Editora Alianza, 504 páginas.
Meirelles, L. R; Ropp, L. C. D. (2005). Cartilha Agricultura Ecológica: Princípios Básicos. Disponível em: < http://www.centroecologico.org.br/Agricultura_Ecologica/Cartilha_Agricultura_Ecologica.pdf.> Acessado em 01 de março de 2017.
Niven, P., Morley, B., Dixon, H., Martin, J., Jones, A., Petersen, K., & Wakefield, M. (2019). Effects of health star labelling on the healthiness of adults' fast food meal selections: an experimental study. Appetite, 136, 146-153. https://doi.org/10.1016/j.appet.2019.01.018
Nunes, C. C. P. (2016). As Instituições dos mercados de Produtos Agroecológicos em Laranjeiras do Sul – Paraná – Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Fronteira Sul, Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGADR), Laranjeiras do Sul/PR.
Oliveira, D.; Grisa, C.; Niederle, P. (2020). Inovações e novidades na construção de mercados para a agricultura familiar: os casos da Rede Ecovida de Agroecologia e da RedeCoop. Redes, 25 (1). https://doi.org/10.17058/redes.v25i1.14248
Oliveira, L. F. (2010). O conceito de território e o primeiro processo de territorialização do estado do Maranhão e Grão-Pará – século XVII. Revista Expedições: Teoria da História & Historiografia, 1(1), 135-163.
Ortega, A. C. (2010). Segurança alimentar, desenvolvimento e o enfoque territorial rural. In: Almeida Filho, Niemeyer; ramos, P. Segurança Alimentar: produção agrícola e desenvolvimento territorial. Campinas, 193-224.
Patel, P. C., Struckell, E. M., & Ojha, D. (2020). Calorie labeling law and fast food chain performance: The value of capital responsiveness under sales volatility. Journal of Business Research, 117, 346-356. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2020.06.014
Patel, R. (2012). Stuffed and starved: the hidden battle for the world food system. First Melville House Printing.
Plano de Consolidação - Assentamento Ireno Alves Santos, Rio Bonito do Iguaçu e Nova Laranjeiras – PR, volume 1, 2, 3, Brasília- DF/ julho de 2004.
Ploeg, J. D. V. D. (2008). Camponeses e impérios alimentares. Porto Alegre, Editora da UFRGS.
Pozzebon, L.; Rambo, A. G., Gazolla, M. (2018). Cadeias curtas das feiras coloniais e agroecológicas: autoconsumo e segurança alimentar e nutricional. Desenvolvimento em Questão. 42. https://doi.org/10.21527/2237-6453.2018.42.405-441
Raffestin, C. (1993). Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática.
Renting, H.; Marsden, T.; Banks, J. (2003) Understanding Alternative Food Networks: Exploring the Role of Short Food Supply Chains in Rural Development. Environment and Planning, 35, 393-411. https://doi.org/10.1068/a3510
Salamoni. G.; Gerardi. L. H. O. (1995). Considerações sobre a Transformação da Agricultura Tradicional em um Complexo Moderno, Boletim de Geografia, UEM, 13(13).
Santos, L. R. (2015). Gestão democrática e participação na educação profissional agroecológica do MST (PR): limites e possibilidades de uma educação emancipatória. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação), Unesp.
Sauer, S.; Balestro, M. V. (2013). Agroecologia e os desafios da transição ecológica. 2.ed. São Paulo: Expressão Popular, 328p.
Schneider, S.; Schubert, M.; Escher, F. (2016). Regimes Agroalimentares e o Lugar da Agricultura Familiar – Uma apresentação ao debate. Revista Mundi Meio Ambiente e Agrárias. Curitiba, PR, 1(1), 3-20. https://doi.org/10.21575/25254790rmmaa2016vol1n1134
Schneider, S., Menezes, M. A. (20140. Inovações e atores sociais. In: Pesquisa em desenvolvimento rural: aportes teóricos e proposições metodológicas. In: Conterato. M.A. Radomsky, G.F.W. Schneider, S. Porto alegre: Ed. UFRGS.
Silva, J. G. (1988). As possibilidades e as necessidades da ciência e da tecnologia na área das ciências agrárias. Campinas: UNICAMP.
Silva, J. G. (1997). O novo rural brasileiro, Nova Economia, Belo Horizonte. 7(1), 43-81.
Suzuki. J. B. (2006). OGM: aspectos polêmicos e a nova lei de biossegurança – publicado em março de 2006. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/8148/ogm-aspectos-polemicos-e-a-nova-lei-de-biosseguranca> Acessado em 02 de novembro de 2016.
Teixeira, C. T. M., & Pires, M. L. L. S. (2017). Análise da relação entre produção agroecológica, resiliência e reprodução social da agricultura familiar no Sertão do Araripe. Revista de Economia e Sociologia Rural, 55(1), 47-64. https://doi.org/10.1590/1234-56781806-94790550103
Triches, R. M.; Schneider, S. (2015). Alimentação, sistema agroalimentar e os consumidores: novas conexões para o desenvolvimento rural. Cuadernos de Dessarollo Rural, Bogotá, 12(75). https://doi.org/10.11144/javeriana.cdr12-75.asac
Van der Ploeg, J. D., Barjolle, D., Bruil, J., Brunori, G., Madureira, L. M. C., Dessein, J., ... & Gorlach, K. (2019). The economic potential of agroecology: Empirical evidence from Europe. Journal of Rural Studies, 71, 46-61. https://doi.org/10.1016/j.jrurstud.2019.09.003
Viecelli; P. C. (2019) Consumo Alimentar Contemporâneo: um estudo dos hábitos e dos perfis de consumidoras (es) de alimentos no Município de Pato Branco - PR. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional - Ppgdr. Universidade Tecnológica Federal Do Paraná.
Wezel, A., Bellon, S., Doré, T., Francis, C., Vallod, D., & David, C. (2009). Agroecology as a science, a movement and a practice. A review. Agronomy for sustainable development, 29(4), 503-515. https://doi.org/10.1051/agro/2009004
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Revista Produção e Desenvolvimento
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico é licenciado sob uma Licença Creative Commons BY - Atribuição 4.0 Não Adaptada (CC BY 4.0). Autores e co-autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de publicação, sem retribuição financeira para os autores, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação.
Os artigos são livres de usar, com suas próprias atribuições de licença CC BY.
A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Os artigos aqui publicados são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), observando a Lei de Direito Autoral n 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Salientamos que cabe ao periódico apenas a responsabilidade da avaliação dos artigos, sendo um veículo de publicação científica.
O editor possui o direito de rejeitar os artigos que no processo de avaliação tenham sido detectados indícios de plágio. Os artigos que tenham sido detectados indícios de plágio posteriormente à publicação, serão excluídos da edição. E a indicação do problema será informada no lugar do texto, mantendo-se a mesma quantidade de paginas.
Esta Revista adota os princípios de conduta ética do Comitê de Ética na Publicação (COPE) da qualidade internacional, bem como os parâmetros de Integridade na Atividade Científica indicados pelo SCOPUS e SCIELO.
